Na imagem: Marley Maria Bernardes Rebuzzi Vellasco e Karla Figueiredo (da esq. para dir.)
A tecnologia disponível para licenciamento desenvolvida no Laboratório de Inteligência e Robótica Aplicadas (LIRA) da PUC-Rio propõe um andador equipado com sensores que permite a locomoção autônoma do usuário e evita quedas
Texto: Caroline Roxo | Foto de capa: Acervo pessoal Karla Figueiredo
Pessoas com deficiência visual, distúrbios neurológicos ou até mesmo alterações inatas do envelhecimento estão suscetíveis a terem dificuldade de locomoção, carecendo da utilização de equipamentos que auxiliam na mobilidade e na independência desses indivíduos. Na grande maioria das vezes, a indicação é fazer uso de andadores e bengalas. No entanto, frente às opções acessíveis disponíveis no mercado, esses equipamentos não oferecem total segurança e autonomia aos usuários.
Foi a partir desse cenário que pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) desenvolveram, no Laboratório de Inteligência e Robótica Aplicadas (LIRA), uma tecnologia, protegida com apoio da Agência PUC-Rio de Inovação (AGI), que consiste em um andador robótico autônomo com uma combinação de sensores, incluindo os ultrassônicos, infravermelhos e de força, para detectar obstáculos e evitar colisões. O andador permite que o usuário se locomova de forma autônoma, além de também apresentar um sistema de navegação com GPS (Sistema de Posicionamento Global), que pode ser acoplado em um aparelho celular.
“Nós tínhamos o objetivo de criar um dispositivo que pudesse tornar os andadores mais eficazes para seus usuários, principalmente no quesito de evitar quedas. Foi então que desenvolvemos essa tecnologia, no período de 2 anos, que funciona tanto em casa quanto em ruas e estradas”, conta Karla Figueiredo, atual professora e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que anteriormente era professora na PUC-Rio e uma das inventoras da tecnologia.
Karla Figueiredo liderou o projeto do desenvolvimento do andador ao lado de Marley Maria Bernardes Rebuzzi Vellasco, professora do Departamento de Engenharia Elétrica e vice-reitora acadêmica da PUC-Rio, e dos ex-alunos Miguel Angelo Gaspar Pinto, Daniel de Souza Leite e Frederico Szmukler Tannenbaum.
Tecnologia que evita quedas
O grande objetivo dos andadores é justamente servir de ponto de apoio aos usuários para quando precisam se levantar ou caminhar com autonomia, evitando quedas. No entanto, mesmo com o uso desses equipamentos, os usuários estão sujeitos a caírem, principalmente quando utilizados para locomoção em ambientes incógnitos. Ainda, conforme mostra o Relatório Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre prevenção de quedas na velhice, mais de 30% da população acima de 65 anos sofre ao menos uma queda por ano, o que aumenta a necessidade em utilizar recursos de segurança.
O andador autônomo desenvolvido pela equipe de pesquisadores da PUC-Rio, equipado com o sistema GPS, apresenta sensores capazes de detectar obstáculos e evitar colisões seguindo rotas pré-estabelecidas, ou seja, o usuário pode indicar ao andador o ponto inicial e final do seu percurso e obter a melhor rota para sua locomoção, além de que, em caso de degraus ou buracos imprevisíveis, o andador emite um sinal de alerta que avisa uma possível queda.
“O andador possui um sistema de pressão, em que quando o usuário segura no andador, este possui sensores que detectam a pressão manual, conforme a pessoa aperta ou não, visando colocar o andador em movimento”, explica Figueiredo.
Como é o andador autônomo?
O equipamento é um robô no formato de um andador com um software acoplado. Este objeto, que teve seu protótipo desenvolvido pelos pesquisadores, também possui motor, sensores e funciona conforme o objetivo do usuário, que pode optar por usá-lo de maneira tradicional, sem qualquer interferência dos sensores, ou então ativar o modo navegação, em que o andador sugere a melhor rota para o usuário, visando evitar obstáculos, acidentes e quedas.
“A rota oferecida pelo andador robótico é só uma proposta de caminho. Durante a execução desse caminho, podem acontecer diversos problemas, como buracos, degraus, postes ou mesmo outras pessoas caminhando, e esse robô consegue detectar esses obstáculos e manter a navegação segura”, conta a pesquisadora Figueiredo.
Andador autônomo para o mercado
Para que o andador seja disponibilizado para uso da sociedade, é necessário que a tecnologia seja licenciada para uma empresa ou instituição interessada em explorar o invento e desenvolver os equipamentos para venda. O licenciamento das tecnologias é feito por intermediação da Agência PUC-Rio de Inovação.
Promover a disseminação do conhecimento por meio do licenciamento de tecnologias é uma estratégia essencial para impulsionar a inovação a partir dos avanços científicos gerados nas instituições de ensino superior. Na PUC-Rio, a Agência PUC-Rio de Inovação desempenha o papel de intermediadora nesse processo, oferecendo assistência técnica aos docentes e pesquisadores envolvidos.
De acordo com Karla Figueiredo, o desenvolvimento do protótipo do andador não envolveu alto custo de montagem, devido ao interesse dos pesquisadores em desenvolver o invento já pensando na viabilidade financeira da produção e comercialização. Portanto, o material a ser utilizado na produção do equipamento fica a critério do provedor. “Nós desenvolvemos o andador e produzimos pequenas peças, em impressora 3D, madeira, e outros materiais que tínhamos ao nosso alcance, além dos sensores e motor”, expõe Figueiredo.
O desenvolvimento do projeto foi possibilitado pelo fomento financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) com a aprovação no edital de 2013, sobre Apoio o Estudo de Temas Relacionados à Saúde e Cidadania de Pessoas Idosas (Pró-idoso), sendo finalizado no ano de 2015.
- Conheça as formas de conexão e licenciamento de tecnologia: https://www.agi.puc-rio.br/empresas
- Veja outras tecnologias disponíveis para licenciamento na Vitrine Tecnológica da PUC-Rio: https://www.agi.puc-rio.br/vitrine-tecnologica/