O transdutor de campo magnético e pressão tem alta sensibilidade e exatidão para usos como imageamento de campos gerados por correntes bioelétricas, localização de corpos estranhos metálicos e registro de ondas de pulso arterial
Texto por: Nayara Campos
Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) desenvolveram um transdutor de campo magnético e pressão com alta sensibilidade e exatidão, abrindo caminho para diagnósticos médicos não invasivos, inócuos e mais acessíveis. A invenção, que consiste no desenvolvimento de transdutores baseados em sensores de alta sensibilidade, utilizando o fenômeno recentemente descoberto da Magnetoimpedância Gigante (GMI), tem potencial para gerar grande impacto positivo na indústria biomédica, com aplicações em cardiologia, detecção de corpos estranhos e monitoramento cardiovascular.
“Esses sensores são capazes de detectar campos magnéticos extremamente fracos e foram incorporados a dispositivos biomédicos portáteis e de baixo custo, destinados a aplicações diagnósticas não invasivas e inócuas”, explica Elisabeth Costa Monteiro, uma das pesquisadoras envolvidas na criação da invenção e professora do programa de Pós-Graduação em Metrologia da PUC-Rio.
Aplicações práticas
Segundo a pesquisadora, o transdutor permite a análise e localização da propagação bioelétrica em tecidos excitáveis, possibilitando identificar arritmias cardíacas de forma não invasiva a partir do fornecimento de informações diagnósticas que não são acessíveis por métodos tradicionais.
Outra forma de aplicação do dispositivo é o mapeamento magnético para localizar com exatidão a posição, profundidade e inclinação de objetos metálicos no corpo. Essas informações são essenciais para orientar a conduta para remoção cirúrgica precisa e eficiente, reduzindo o tempo do procedimento e aumentando de forma significativa as chances de sucesso.
Além disso, a invenção pode ser utilizada para medir e registrar ondas de pulso arterial com alta resolução espacial em diferentes pontos da árvore arterial, capturando alterações sutis no pulso e fornecendo informações valiosas sobre a saúde cardiovascular do paciente.
Vantagens competitivas da invenção para a indústria
Segundo Monteiro, ao contrário das tecnologias atuais, o novo transdutor opera à temperatura ambiente, o que aumenta as possibilidades de uso e a acessibilidade à tecnologia. “O sistema SQUID (Superconducting Quantum Interference Device), baseado na supercondutividade, é o transdutor magnético mais sensível atualmente disponível para medir campos biomagnéticos gerados por correntes bioelétricas”, afirma. “Entretanto, ele apresenta limitações significativas, como a necessidade de operação em temperaturas criogênicas, alto custo de aquisição e operação, grandes dimensões e complexidade de uso, fatores que restringem sua aplicação ao ambiente de pesquisa”, destaca a pesquisadora.
Carlos Roberto Hall, professor do programa de Pós-Graduação em Metrologia da PUC-Rio e integrante da equipe de pesquisadores responsáveis pela invenção, explica que o transdutor desenvolvido com base no efeito GMI apresenta as vantagens do SQUID em termos de diagnósticos não invasivos, inócuos e de elevada exatidão, mas supera suas limitações. “Ele opera à temperatura ambiente, é portátil, tem baixo custo e apresenta maior simplicidade operacional, tornando-o mais adequado para uso em ambientes clínicos e hospitalares”, ressalta Hall.
Próximos Passos
A equipe da PUC-Rio está atualmente trabalhando na otimização e aprimoramento da tecnologia, expandindo suas funcionalidades e aprimorando seu desempenho. “Nosso objetivo é tornar o transdutor ainda mais versátil e competitivo para sua entrada no mercado”, afirma Hall. As pesquisas que levaram a essa invenção contaram com financiamento de importantes instituições de fomento à pesquisa, como CNPq, Faperj, CAPES e FINEP. Os estudos foram conduzidos pelos pesquisadores Carlos Roberto Hall Barbosa, Daniel Ramos Louzada, Eduardo Costa da Silva, Elisabeth Costa Monteiro, Fernando Luis de Araújo Machado, Flávia Maria Pompéia Cavalcanti e Luiz Antônio Pereira de Gusmão.
Com auxílio da Agência PUC-Rio de Inovação (AGI/PUC-Rio), a invenção teve pedido de patente depositado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e integrará o portfólio de patentes da universidade disponíveis para licenciamento da indústria.
- Conheça as formas de conexão e licenciamento de tecnologia:
https://www.agi.puc-rio.br/empresas
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